quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

SAMPA, MEU!

Sei lá porque diabos, hoje acordei inspirada a fazer uma série de posts sobre São Paulo.

Acho que foi o fato de muitos estrangeiros (leia-se: de fora e de dentro do Brasil) recém-mudados reclamarem de ter dificuldades de se adaptar a Sampa.

Eu acho particularmente muito injusto, até porque não tive nenhuma dificuldade de adaptação à cidade. Claro, é totalmente diferente de qualquer outro lugar no qual vivi, mas não é essa a graça da vida??

Então, decidi colocar aqui o que gosto da cidade para ajudar a quem está precisando de uma mãozinha adaptativa. É também uma forma de agradecer a esta cidade por toda a sua generosidade discreta.

O primeiro erro de um imigrante é querer reproduzir o estilo de vida do local de onde veio. É o grande erro da maior parte dos cariocas que vêm pra cá. Por exemplo, quando o carioca vai morar em Paris, ele não fica procurando onde está a praia. Paris tem outros atrativos, é LÓGICO! Assim sendo, o carioca terá de reinventar os seus hábitos para estabelecer uma rotina prazeirosa de acordo com as possibilidades que Paris lhe oferece. E assim é com todos os demais estrangeiros que se mudam para cá.

São Paulo, embora mais discretinha e feiosinha (esse feiosinho será tema de posts futuros), é composta de muitos universos dentro uma área bem compacta. Isto quer dizer que vc pode viver de "n" maneiras diferentes. Vc pode encontrar os mais diversos grupos de pessoas: gente muito rica e gastadeira, gente fútil, gente ultra-hippie, classe artística caretinha, classe artística super avant-garde, gente preocupada com o meio-ambiente, gente como a gente, gente que gosta de pagode e axé, gente que só pensa em trabalhar, gente que não sai de casa de jeito nenhum, baladeiros, caseirinhos, empresários, empreendedores, etc.

Outra decorrência interessante dessa multiuniversalidade paulista é que vc JAMAIS encontra um conhecido na rua. Isso não acontece. Eu morei em cidades muito menores do que São Paulo, cidades menores, até, que o Rio. Um fenômeno muito comum quando estou no Rio é encontrar um conhecido no ônibus, no Metrô, passeando no Largo do Machado, etc. Aqui em Sampa, nem andando todos os dias na Av. Paulista eu encontro alguém do meu círculo de amizades.

Se eu fizer um show em cada SESC da cidade, o público NUNCA se repetirá. Haverá, em cada apresentação, 400 pessoas diferentes para assistir ao show.

No entanto, ao redor do local onde vc mora, na sua vizinhança, vc começará a estabelecer uma rede de "conhecidos". Isto se dá com todo mundo e eu apelidei de "aldeias paulistas". Na verdade, vc vive numa aldeiazinha, que são os seus arredores e, ali sim, vc esbarrará por algum conhecido na rua. O fascinante disso é que vc encontra praticamente todas as atividades que deseja dentro da sua aldeiazinha. E, devido aos problemas de deslocamento dentro da cidade, a tendência é vc querer ter todas essas atividades bem perto da sua casa para poder ir à pé.

Então, aqui vai o meu conselho número 1: Conheça a sua aldeia! Conheça as pessoas que estão logo ali, ao seu lado. Verifique em que dia da semana é a feira pertinho da sua casa para comer pastel (só Sampa tem pastel de verdade!), onde é o boteco que tem aquele prato executivo delicioso (tem 3 ótimos a menos de 1 quarteirão da minha casa), onde é o bar onde vc pode assistir aos jogos de futebol e demais eventos esportivos, onde tem um restaurante bom (e isso vai ter com certeza!) para ocasiões especiais, onde tem uma academia ou clube de bairro, onde fica o parque mais próximo (São Paulo possui 63 parques grandes!), onde é a melhor padaria das redondezas (outra maravilha paulistana), encontre as coisas que são únicas da sua aldeia, aquilo que só tem ali e que as pessoas se deslocam de longe para frequentar.

Seja bem-vindo(a)! :)